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O vento, o chocolate e o anis

chocolate

Professora doutora, a arqueóloga Cláudia Regina Plens assistiu ao filme Chocolate, protagonizado por Juliette Binoche e Johnny Deep, de 2001. Encantou-se pela história e seus cenários. Ao descobrir que as cenas tinham sido feitas em uma pequena aldeia de Côte d´Or, na região da Borgonha, na França, não titubeou na hora de incluir o destino na viagem de carro que realizou com a família durante o verão francês. Aqui, ela conta o que sentiu ao visitar a pequena Flavigny-sur-Ozerain. Com pouco mais de 300 habitantes em 2010, a comuna é membro da associação privada “As mais belas aldeias da França” (Les Plus Beaux Villages de France), com o objetivo de promove-las turisticamente.

“O vento norte sopra e nos tira do roteiro tradicional de uma viagem pela França e nos manda para novas experiências. Percorrendo um longo caminho sinuoso, embaixo de chuva, nos deparamos com pequenas vilas adoravelmente bucólicas, no departamento de Côte d’Or, que parecem nos convidar para relaxar e esquecer da cidade grande e dos compromissos. Mesmo nessas pequenas vilas, o vento norte continua soprando e sentimos a necessidade de ir mais longe, em busca de algo novo, até que, enfim, chegamos à região que foi palco da batalha histórica de Alésia. Se o evento histórico não for uma referência para você, não se preocupe, o Asterix poderá te familiarizar com o acontecimento ocorrido na região em Asterix e o Escudo Arverno.

Chegamos à fascinante Flavigny-sur-Ozerain. Estacionamos o carro e, sobre uma pequena colina, vemos despontar uma cidade antiga. Grande parte das casas estão fechadas. Sensação de ter uma cidade para nós. Poucos turistas alemães cruzam conosco na rua principal. A subida da antiga alameda, rumo ao centro da cidade, dá a sensação déjà vu, até que uma casa de pedras, com uma janela bem conhecida, nos remete para um filme de cinema.

chocolate

Cláudia Plens e Maíra comemoram a chegada à cidade

Para quem, como eu, sempre foi encantada com a história protagonizada por Juliette Binoche que, com o aroma exótico dos sedutores chocolates maias, transgrediu e transformou as pessoas de toda uma cidade, abrindo suas mentes e dando oportunidade de recomeçarem suas vidas, não há dúvida: é o cenário do filme Chocolate! Mas, se mesmo ao fitar a casa com sua singular janela ainda restar dúvida, um rápido virar da cabeça te colocará dentro do filme. A igreja e a prefeitura estão exatamente no ângulo em que a personagem Vianne Rocher olhava, observando a cidade enquanto espera os clientes. Ao nos sentirmos dentro do filme, saímos, juntos com a Maíra, minha filha, de então oito anos de idade, em busca do canguru imaginário da pequena Anouk, e exploramos as cativantes casas antigas com suas arquiteturas peculiares e seus fabulosos caminhos. Ótimo cenário fotográfico com muitos ângulos ainda a serem explorados!

chocolate

Mas haveria, talvez, uma loja de chocolate?? Não, não é com chocolate que você, viajante, adoçará a boca. Mas com balas Anis de Flavigny. As balas que são encontradas por todos os quiosques da França, e que nos acompanharam desde Paris em suas latinhas amáveis e nostálgicas, para nossa surpresa, são fabricadas na abadia beneditina de Saint Pierre, em Flavigny-sur-Ozerain, há mais de quatrocentos anos com a mesma receita (açúcar, um grão de anis e diversos aromas naturais). Na lojinha da abadia você pode saborear diversos sabores da bala, mas, especialmente, se encantar com o sabor exótico, suave e marcante das flores de violetas confeitadas. A abadia que deu origem à fabricação das balas é um show à parte! Construída no século VIII, sua preservação e música gregoriana ao fundo te levam para um novo tipo de experiência.

É hora do almoço e a família sente fome. As crianças, que até então puderam pedir refeições mais adaptadas aos seus paladares, são convidadas a imergirem na cultura local. A placa do restaurante alerta na sua entrada, na praça central, que a comida oferecida não tem o intuito de servir o visitante como em um restaurante tradicional. Mas se trata do oferecimento dos produtos locais que eles mesmos plantam e fabricam, servidos do modo que eles costumam consumi-los. Explorando essa cidade você saboreia uma viagem intrigante, longe das grandes rotas turísticas, num lugar remoto, mas ao mesmo tempo aconchegante, desconhecido até mesmo por boa parte dos franceses.”

 

Álbum de fotos

2 Comments

  1. Izabel Reigada says:

    Dá vontade de fazer as malas e, no voo, assistir novamente ao filme!

  2. Rodrigo says:

    Sem dúvida. Pensei exatamente nisso, Izabel. Já vou ver se tem no Netflix. Rs

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