Istambul é uma das cidades mais intrigantes que já visitei. Meio Europa, meio Ásia, a cidade está na intersecção dos dois continentes, embora apenas 3% do território da Turquia esteja na Europa. Com 15 milhões de habitantes, é a maior cidade da Turquia e endereço do Aeroporto Internacional Ataturk, a principal porta de entrada para o país. Atualmente, tem aparecido no noticiário pelos frequentes ataques terroristas e manifestações populares em meio a ameaças a sua frágil democracia. O terrorismo é um ataque covarde contra a liberdade: de pensamento, de ideais, do ir e vir. Estive três vezes em Istambul e pretendo voltar muitas mais. O terror dissemina ódio e medo. Não. Não para ambos.
Um pouco sobre Istambul…
Há mais de duas mil mesquitas espalhadas pela cidade, entre históricas e modernas. Recortes da muralha que protegeu a antiga Constantinopla estão por todos os lados. A arte bizantina e a arquitetura otomana marcam as construções espalhadas por ruas que são museus ao ar livre. Abrindo as portas, há museus de arte, arqueologia e história. Como as metrópoles, Istambul deve ser explorada bairro a bairro, caminhando-se dentro deles. A geografia, que primeiramente assusta, depois facilita. É o Estreito de Bósforo que divide as porções europeia e asiática, mas há também o Chifre de Ouro, pequeno braço do estreito, por onde se espalha o centro de Istambul.
No continente europeu estão os pontos mais visitados pelos turistas que chegam à cidade. E eles são muitos: a Mesquita Azul e a Santa Sofia (que já foi tema de um post anterior), na região do Hipódromo, onde está também a Cisterna da Basílica; o Palácio Topkapi e seu Museu Arqueológico, para quem quer se aprofundar na história; ou o Grande Bazar e o Mercado das Especiarias, para uma imersão na cultura e costumes locais, com direito às compras.
Legenda: Nas duas fotos aéreas, é possível distinguir a Mesquita Azul e a Santa Sofia (mais ao alto) e, acima, o emaranhado do Grande Bazar
O Hipódromo foi o coração de Constantinopla e hoje tem como marco o Obelisco Egípcio, de 1600 a.C., além dos jardins repletos de tulipas. Pelas ruas de Sultanahmet, o visitante caminha entre turistas e vendedores, até chegar ao Palácio de Topkapi. Transformado em museu, o palácio onde os sultões e seus haréns viveram por 400 anos tem vários edifícios e muitos jardins, boa parte deles transformados em parque público. No interior das construções, as salas abrigam as joias, cerâmicas, têxteis, armas e trajes acumulados pelos sultões. É importante ter em mente 1453 como o ano-chave na história da cidade. Muito além da mudança do nome – de Constantinopla para Istambul –, a queda da cidade encerra o Império Bizantino e dá início ao Império Otomano, que se perpetuou até 1923.
Para um contato com a Istambul mais moderna, vale a pena explorar a região de Taksim, comparada a uma Time Square de Istambul. Como a maioria das comparações, essa tampouco funciona. Pelo entorno da praça, que fica do lado oposto do Corno de Ouro, considerando-se a Mesquita Azul e a Santa Sofia, há muitos escritórios, lojas, bares e restaurantes. É o bairro de Beyoglu, que tem na rua de pedestres Istiklal Caddesi sua principal artéria. Passear por ela é um prazer, mas quem quiser uma experiência diferente pode utilizar o bonde que sobe e desce a rua durante todo o dia. A Istiklal Caddesi está reservada às lojas, principalmente, embora esteja repleta de cafés. Uma boa oportunidade para experimentar o café turco, que não é coado. Você vai se arrepender, mas a experiência é interessante.
Pelas ruelas que atravessam a Istiklal há variados restaurantes e bares. Há também alguns interessantes pontos de visitação, como a Igreja de Santo Antônio de Pádua, o maior templo católico de Istambul, a Igreja de Panaghia, dos gregos ortodoxos, e o tradicional Pera Palas Hotel, de 1892, criado para receber os passageiros do Expresso Oriente, cuja estação fica ali ao lado. Ainda nessa área, um pouco mais afastada, a Torre de Gálata, do século 13, é um excelente mirante, do alto de seus 140 metros.