Teotihuacán
Onde os homens viram deuses
June 22, 2016
Istambul e a intersecção de continentes
August 29, 2016

Era uma vez… Saint Emilion

Como em muitas das visitas às cidades medievais europeias, a francesa Saint Emilion tem ruas que nos fazem sentir em um livro de história. A cerca de 40 quilômetros de Bordeaux, no sul da França, Saint Emilion também poderia ser cenário de livros infantis, no melhor estilo dos “contos de fadas”. No interior da cidade originalmente amuralhada de Saint Emilion vivem hoje cerca de 200 habitantes. Nos arredores, a população chega a dois mil, mas no século 13 a cidade era a segunda maior da região, com população entre dez mil e 12 mil habitantes.

Graças a isso, a urbanização cresceu e nessa pequena área há pelo menos 12 monumentos que valem a visita – e pelo menos um deles, a Igreja Monolítica, que já justificaria a viagem até a cidadezinha… Claro que além de tanta história e arquitetura, estamos falando dos arredores de Bordeaux, região produtora dos mais famosos vinhos da França – e de um cenário inscrito desde 1999 como Patrimônio da Humanidade da Unesco. O que a maioria dos visitantes faz é viajar a Bordeaux e visitar Saint Emilion durante um dia inteiro. Mas é uma pena não passar mais tempo na cidade, deixando de experimentar seus bons restaurantes e charmosos hotéis. Pernoitar no destino é mais que recomendável e quem quiser visitar vinícolas ou explorar os arredores naturais deve pensar em duas noites na cidade.

Emilion4

Cenário tombado como Patrimônio da Humanidade da Unesco

Antes mesmo de visitar a cidade, vale navegar no site oficial de turismo (www.saint-emilion-tourisme.com), onde é possível, inclusive, reservas tours guiados. O tour histórico, por exemplo, tem duração de 1h30 e custa 13 euros, enquanto o tour subterrâneo, pelos muitos túneis que conectam as construções de pedra, tem duração de 45 minutos e vale 8 euros. Algumas das visitadas podem ser feitas em espanhol, mas o inglês é o idioma mais comum entre os visitantes estrangeiros.

Depois da visita guiada, o turista olhará para St. Emilion – que tem esse nome graças ao padeiro que virou monge, depois eremita e hoje é santo – com carinho, tanto para a cidade quanto para a imagem do santo, na Igreja Colegiada. É hora de explorar por conta própria os recantos da cidade medieval, com sapatos confortáveis para desafiar suas famosas ladeiras e escadarias, visitando um verdadeiro museu ao ar livre. A pausa para descansar entre uma ladeira e uma escada pode ser feita em algum dos cafés de Emilion. A dica é experimentar o café gourmet. O excelente expresso vem acompanhado de três ou quatro docinhos, para degustação. Outra opção, é provar os canelès, doce típico da região, ou os macarons. Assim como os cafés, os restaurantes e hotéis esbanjam charme em Emilion.

O que visitar
1 – Igreja Monolítica – Ela não é a única de seu gênero na França, mas é a que esbanja as maiores dimensões: são 38 metros de comprimento, 20 de largura e a nave central tem altura média de 12 metros. Levou três séculos para ser construída, ou melhor, escavada, do alto para baixo, em um grande maciço de rocha. Recebe algumas cerimônias especiais, quando abre suas portas ao grande público. A visitação só é permitida em tours guiados, uma vez que a igreja já esteve na triste lista dos 100 monumentos da Unesco mais ameaçados do mundo. Não precisaria haver nada em seu interior para que o visitante já se surpreendesse, mas há. A Capela de São Nicolau é um dos destaques, com elementos que fazem referência à alquimia. Há anjos nas paredes e elementos que fazem referência a São Tiago de Compostela, uma vez que a cidade aparece em um dos muitos caminhos que levam à espanhola Santiago.
2 – Portão Brunet
3 – Muralha
Emilion

4 – Ermida de St. Emilion – Trata-se do monumento mais antigo da cidade e também é visitado dentro do tour histórico, de uma hora e meia. A ermida foi instalada no local escolhido por Emilion como abrigo, uma gruta com uma fonte de água em seu interior. Os milagres do santo ganharam ficaram conhecidos e o que deveria ter sido o abrigo de um ermitão tornou-se endereço de peregrinação, com muitas pessoas sendo batizadas nessa fonte. Depois da morte de Emilion, em 767, o local virou uma ermida, onde é possível observar o local onde o santo dormia e sentava-se para sua meditação e orações.
5 – Palácio Cardinal
6 – Catacumbas – Há entre 150 e 200 quilômetros de galerias identificadas em St. Emilion, formando um grande labirinto embaixo da cidade – com até seis quilômetros de profundidade em algumas partes. Desde o século 10, foram retirados blocos de pedras para as construções da cidade, assim como das vizinhas Bordeaux e Libourne. As primeiras escavações tinham como finalidade enterrar os mortos – e há muitos ossários nessas catacumbas, mas hoje boa parte dos túneis é utilizada como adega, tanto por moradores quanto pelos produtores de vinhos. Temperatura, umidade e ausência de luz e vibrações perfeita, segundo garantem os melhores produtores.
7 – Claustro dos Cordeliers
8 – Igreja Colegiada – É a segunda mais importante de St. Emilion, que recebe os visitantes logo na entrada da cidade. É em seu interior que funciona o Escritório de Turismo da cidade e é lá o ponto de partida da visita guiada. A construção é do século 12, em estilo românico, mas com adição de vários elementos de séculos posteriores, além de reformulações, com marcantes características góticas. O jardim do claustro permite observar também o mosteiro que recebeu os monges agostinianos, ordem que construiu a igreja. No interior, chama a atenção a modesta escultura do santo que dá nome à cidade.
Foto: Emilion 6

9 – Arco e Casa da Corrente – A Casa da Corrente e o arco que se encontra junto à casa são construções originais da origem de St. Emilion. A tal corrente que dá nome à casa separava as partes alta e baixa da cidade – e sua população –, sendo que a parte alta era dedicada à vida religiosa, basicamente.
10 – Torre do Rei – Ao lado da principal entrada da cidade, o castelo foi construído no século 12, em estilo românico, especialmente arcos geométricos e elementos vegetais na decoração. A Torre do Rei é um pouco posterior, do século 13, sendo a única construção em pé do que foi, originalmente, o Castelo do Rei. É possível subir ao topo da torre e, de lá, ter uma das vistas mais espetaculares de toda a região… Muito além da vila medieval.

Mais fotos:

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *