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Brasília – Primeiras impressões

Brasília

Já visitei Brasília mais vezes do que me lembro, quase sempre motivada pelo trabalho. Nas poucas vezes em que estive na capital do País a lazer, não parei muito por aqui, partindo para passeios nos arredores da cidade. Agora, como uma das mais novas moradoras, quero escrever sobre as “primeiras impressões”, do ponto de vista de quem passa a viver nessa cidade planejada, desenhada com régua, compasso e tesoura – muitas tesourinhas!

1 – Nada é longe em Brasília. Sempre ouvia isso nas visitas a Brasília, embora minha impressão fosse justamente o contrário. É fato que os deslocamentos eram rápidos pelas grandes vias brasilienses, mas como elas são longas! Agora, morando aqui, reconheço que nada é realmente longe. Mas nada é perto!

2 – A cidade foi feita para os automóveis. Nada é longe, porque de carro chega-se rapidamente a qualquer lugar. Mas é necessário usar o carro, se você vai deixar a sua quadra (estou falando do Plano Piloto, exclusivamente, aqui neste post). Na quadra, planejada para oferecer um pouco de tudo – e reconheço que vim parar em uma das mais completas, com comércio diversificado – é um prazer caminhar. Mas tente sair andando dela…

Brasília

3 – Mas eu tento caminhar. Inclusive, aderi à bike, já que tenho o privilégio de ter uma ciclovia na porta de casa. E ela, sim, me conecta perfeitamente às outras quadras… Do lado leste, claro. O Plano Piloto de Brasília tem esse simpático desenho do avião que o divide em Asas Norte e Sul e, cada asa, em Leste e Oeste. Parece fácil, não?! Seria, não fosse pela existência do Eixo Rodoviário, mais conhecido pelos moradores como “Eixão” – eu, carinhosamente, apelidei de Muro de Berlim…

4 – O Eixão, ou Muro de Berlim, divide as asas em Leste e Oeste. Para atravessá-lo caminhando, só pelas pouco atraentes passagens subterrâneas longas, afinal, há que se passar pelos “Eixinhos” para chegar ao outro lado, de fato, do Eixão (ao todo, de calçada a calçada, são, no mínimo, seis vias, todas com pistas duplas ou triplas). Em vez de passarelas, o desenho de Brasília inteligentemente projetou essas passagens subterrâneas… Seriam perfeitas, protegidas do sol e tudo mais… Mas o problema é que a proteção solar é a única, hoje em dia. As passagens são mal iluminadas, pouco utilizadas fora dos horários de pico e acabam servindo como refúgio para quem quer fazer algo fora das vistas dos demais cidadãos… Em dupla, vá lá. Sozinha, definitivamente, não.

Brasília

5 – Como não há mal que sempre dure… o Eixão é interditado aos domingos e feriados, virando uma avenida de lazer. É a chance de rumar para o Oeste, caminhando. Melhor que isso é poder caminhar, pedalar ou correr pelo próprio Eixão… E descobrir as tocas que as ousadas corujas fazem nas ilhas gramadas e arborizadas que separam Eixão e Eixinhos… Uma grata surpresa!

6 – Já morei em ruas com nomes esquisitos, daqueles que tinham de ser soletrados na hora de passar o endereço. Nos 5.564 municípios brasileiros, há 815 mil ruas. Usando a base da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, a ProScore fez um estudo para indicar os nomes de ruas mais comuns do País. A rua Dois é a mais popular, seguida pelas vizinhas rua Um e Três. Depois dos números e das letras (rua A, B, C etc), a rua São José é a mais recorrente, seguida pela São Paulo, pela rua Santo Antônio e pela Avenida Brasil. Provavelmente, sua cidade tem alguma dessas ruas aí por perto… A minha, não. É raro morar em uma rua sem nome. Mas é comum por aqui…Vai explicar isso pro GPS!

7 – As tesouras e agulhas são a prova de que Brasília foi desenhada para os carros. A intenção dessas rotatórias e alças é fazer o trânsito fluir. Funciona, quando você entende. Já me disseram que é comum errar “um pouco” no começo… Bom, errei muito no primeiro dia até entender o básico: “quer ir pra direita, entra à esquerda”. As “tesourinhas” são para os carros e, ao volante, você precisa pensar rápido se vai sair nessa ou na próxima… E aí descobre que era naquela anterior, que acabou de ficar pra trás. O lado bom é que sempre dá pra entrar em outra alça da tesoura. As “agulhas” vieram depois – um adendo ao projeto original… São o  atalho, o jeito fácil de deixar o Eixão e alcançar os “Eixinhos”.

8 – Clarice Linspector passou algum tempo em Brasília. É dela a frase: “Brasília é uma prisão ao ar livre”. Tenho certeza de que ela estava tentando sair de uma tesourinha…

Essas são algumas rápidas “primeiras impressões” de uma recém-moradora de Brasília. Tudo com muito humor, é claro que não vejo nenhum Muro de Berlim por aqui… Há muitas coisas bacanas em Brasília, mas estou guardando isso para outro post, neste mês de aniversário da cidade!

Álbum de fotos:

1 Comment

  1. Eu estive em Brasília uma única vez, há uns 20 anos e tudo que me lembro é realmente dos ônibus dirigindo loucamente passando em várias “alças”. Achei a cidade pela sua descrição bem maluca…ahahaha… e esta frase do “quer ir pra esquerda, entre à direita”, eu ouvi também.
    Qualquer dia eu volto para visitá-la com mais tranquilidade, se ela ainda estiver por aí…

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