As portas e janelas são recentes, dos primeiros anos de 1800. Recentes, afinal estamos falando de uma construção do século 10. Construída em Hondarribia, na Espanha, a primeira edificação do local teve como objetivo demarcar o território do então reino de Navarra, protegendo-o dos invasores oriundos da França – afinal, Hondarribia é separada apenas pela foz do rio Bidasoa do atual território francês. A construção de Dom Sancho Abarca, então rei de Navarra, foi fortificada no século 12 pelo rei Dom Sancho, o Sábio, e com o imperador Carlos 5º ganhou o aspecto austero que exibe hoje em sua fachada voltada para a Plaza de Armas, na parte interna da muralha que protegia Hondarribia – a apenas 20 quilômetros de San Sebastián (Donostia), no País Basco espanhol.
Hoje, como muitas das construções históricas espanholas, a antiga fortaleza é um hotel da rede Paradores, propriedade do governo da Espanha. Ao todo, a rede conta com 94 hotéis no país e um em Portugal – 11 deles em castelos, 14 em palácios e outros 14 em mosteiros e conventos. Hospedar-se em um desses hotéis é uma experiência que possibilita conquistar “intimidade” com a história da Espanha, ocupando espaços onde ela aconteceu, vivenciando a cultura do país, por meio do acervo de arte e relíquias que os hotéis da rede Paradores exibem nas áreas comuns e nos apartamentos.
Há muito para se ver portas adentro dos Paradores. Mas, no caso de Parador de Hondarribia, conhecido como “Parador El Emperador”, a vista a partir de suas “novas” janelas – afinal, a construção fortificada não contava com esses itens – faz com que o visitante olhe também através delas. Todos os apartamentos têm vista para a foz do rio, observando-se, portanto, a costa francesa. Apenas um dos 36 apartamentos, o número 101, conhecido como Carlos 5º, tem vista para a Plaza de Armas – e uma segunda janela que observa o rio Bidasoa.
Além dos 36 apartamentos diferente entre si – com destaque para as unidades 101, já comentada; 201 e 301, na mesma esquina, sendo que esta última tem a abóboda da fortificação como pé direito –, o Parador de Hondarribia tem um café-bar aberto aos visitantes e espaços para leitura, estimulada também pela presença de livros para troca nos apartamentos. Há ainda duas salas para eventos, com capacidade para cerca de 70 pessoas, a mais bonita delas na parte superior da fortificação, com grande mesa central e janelas voltadas para a Plaza de Armas.
Conforto é a palavra de ordem no hotel, inaugurado em 1968 depois de ampla reforma, que incluiu a instalação de um elevador. O Parador de Hondarribia tem espaço para café da manhã, mas não conta com restaurante. Isso porque a ideia é que o hóspede possa, de fato, mergulhar na cultura gastronômica da região, especialmente de San Sebastián, que no idioma “euskera”, falado no País Basco, é conhecida como Donostia. Já diz o ditado popular: “Del mar, el mero; de la tierra, el carneiro; y de Donostia, el cocinero”. Abaixo, algumas das fotos das vistas deste hotel – dentro e fora dele. Para saber mais sobre a rede, o site é www.parador.es.
Galeria de fotos: