Os atentados terroristas na Europa e os constantes ataques na Turquia podem levar mesmo os viajantes mais destemidos a pensarem duas vezes na hora de encarar um aeroporto. Não que o Brasil esteja na lista dos paraísos terrenais, muito pelo contrário. Mas a guerra diária que vivemos no País é outra (segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), houve quase 60 mil homicídios no Brasil em 2014, ou 10% de todos os homicídios do mundo).
Mas este é um blog de turismo – e poucas coisas podem ser tão opostas a esse setor como guerras, terrorismo e violência. A Colômbia, que no final do século 20 era um país fechado ao turismo, com cidadãos aterrorizados pelas Farc, agora volta para o mapa de destinos a serem visitados. E com força total, já que é dona de arquipélagos como San Andrés e Providência, em pleno mar do Caribe, além de uma das mais bonitas cidades coloniais das Américas, Cartagena de Índias.
A paz permitiu que 4,2 milhões de estrangeiros visitassem a Colômbia em 2014. Estive lá antes disso, quando foi apresentado o “slogan” de promoção turística “Colômbia: o risco é você querer ficar”. Perfeito, nada como assumir os problemas para começar a resolve-los. Desde então, cresce ano a ano o número de visitantes, com destaque para Cartagena. A cidade colonial fica às margens do mar do Caribe, garantindo a combinação perfeita de praias lindas, história e cultura. Quem já leu algo do prêmio Nobel de Literatura colombiano Gabriel Garcia Márquez certamente formou imagens mentais de Cartagena. Ela é mais.
De 1533, Cartagena foi a quarta cidade fundada pelos espanhóis nas Américas. Virou a joia da Coroa, ou melhor, o depósito de todas elas, uma vez que as pedras e metais preciosos eram encaminhados à cidade para serem transportados até a Europa nas embarcações espanholas, que navegavam juntas, intimidando o ataque dos piratas. Francis Drake, um dos mais famosos “piratas do Caribe”, chegou a dominar a cidade por cerca de 40 dias. E há histórias disso por todos os lados.
Para proteger os tesouros, Cartagena ganhou os cerca de 11 quilômetros de muralha, construídos entre 1586 e 1796, com uma porta principal e outras quatro entradas. Também está ali a maior edificação militar dos espanhóis nas Américas, o Forte San Felipe de Barajas. Trata-se de toda uma montanha escavada por túneis e esconderijos. As elevações fazem parte da geografia de Cartagena, que tem no Cerro de la Popa seu principal mirante, no Convento de Santa Clara. Mas, vamos voltar à cidade intramuros…
Com construções coloniais marcadas por edificações de até três andares, com balcões de madeira e grandes janelas, Cartagena teve seu centro histórico tombado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade em 1984. Balcões pelas ruas e também nas muitas praças, como a Plaza de los Coches, com a muralha de um lado e o Portal de los Dulces do outro; a Plaza de Santo Domingo, repleta de mesas e cadeiras dos bares ao redor, conhecida pela escultura Gertrudis, de Fernando Botero, também chamada de “La Gorda”, o apelido de boa parte das obras do famoso colombiano. A igreja San Pedro Claver, do século 17, é bonita de dia, mas encantadora à noite, com a iluminação que ressalta seus detalhes.
Por mais balcões coloridos e enfeitados que o visitante tenha visto, é impossível deixar de olhar para o seguinte pelas ruas de Cartagena. As janelas mais baixas, com grades para fora, de madeira, a maioria delas, também roubam os olhares, assim como as gigantescas portas, que dão lugar aos pátios típicos das construções coloniais espanholas. O mercado instalado em Las Bovedas, portal abaixo da muralha, é o lugar certo para comprar artesanato e lembranças da viagem. Uma passarela permite que o visitante caminhe também pelo alto, subindo ao topo da muralha e observando de perto os baluartes. E o mar do Caribe.
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