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Rioja: cultura compartilhada

Rioja

Um dos gigantes na produção de vinhos e no consumo, a Espanha tem vinícolas em todo o território nacional, com muitas e diversas denominações de origem. Se é difícil apontar quais são os melhores vinhos – afinal, há aqui uma subjetividade, como na escolha dos perfumes –, é fácil indicar os mais famosos. Os Riojas, produzidos ao norte do país, podem ser encontrados nas cartas de vinhos dos melhores restaurantes mundo afora.

La Rioja, a maior província produtora desses vinhos, tem uma capital vitivinícola: a pequena Haro, com 12 mil habitantes e cerca de duas dezenas de vinícolas. Haro já produzia bons vinhos quando os vitivinicultores franceses descobriram a cidade, depois que pragas destruíram os vinhedos da França, no século 17. Foram os franceses que viram na região as condições adequadas para a produção de um vinho que poderia ser exportado ao país, transferindo aos produtores espanhóis expertise para alcançar a mais alta qualidade da bebida. Deu certo.

Rioja

Portal diante da Catedral de Haro, no centro histórico

 

Hoje, a capital dos vinhos Rioja é conhecida como a cidade com maior número de barricas para envelhecimento de vinho por habitante: algo em torno de 100. A cidade é também o local de uma das festas mais curiosas de celebração da bebida, a “Batalha do Vinho”, realizada em junho. Na festa, habitantes e os muitos visitantes que se juntam a eles “armam-se” com recipientes repletos de vinho, para atirar uns nos outros. O que pode parecer uma heresia para os apreciadores da bebida é a principal festa local, que converte todas as armas de disparar água das crianças nos brinquedos preferidos dos adultos.

No mês passado, visitei duas das vinícolas de Haro, bastante diferentes entre si. Enquanto a Lopez de Heredia é a mais antiga da cidade, a Muga tem no cuidado com os detalhes o ponto alto – fabricando, inclusive, suas próprias barricas. Em comum, além dos bons vinhos, a filosofia que toma conta da cidade: “o vinho de La Rioja não é bebida; é cultura compartilhada.” Que o digam os participantes da Batalha do Vinho!

Muga – Familiar, a vinícola tem 48 funcionários e tem próximo ao centro de Haro seu centro de visitantes e área de elaboração dos vinhos. Foi fundada em 1932 e produz 1,5 milhão de garrafas anualmente. É perfeita para observar todo o processo de fabricação da bebida e tem, entre as curiosidades, o fato de fabricar suas próprias barricas, incluindo o processo de “defumação” do carvalho utilizado na confecção delas. Ao final, agradável área de degustação e loja muito bem arrumada, para as compras que se farão necessárias.

Rioja

Lopez de Heredia – Mais antiga vinícola da Haro, fundada em 1877, a Lopez de Heredia tem sua sede a poucos metros da Muga. A quarta geração da família é a atual encarregada pela produção das cerca de 400 mil garrafas anuais de vinhos classificados como “finos, elegantes e leves”, os clássicos da Rioja, na definição da própria vinícola. O diferencial fica por conta dos túneis escavados oito metros abaixo do nível do solo, entre 1890 e 1892, cuja rocha extraída serviu para a construção da área superior da vinícola. Na área de degustação, o balcão foi construído para a Feira Universal de Bruxelas, em 1910.

Rioja

Barricas são verdadeiro “tesouro enterrado” na Lopez de Heredia

Em tempo: em alta, o enoturismo foi tema de uma edição especial do Jornal PANROTAS, com matéria feita por mim. Além da Espanha, outros nove países que se destacam em enoturismo fazem parte da reportagem. Para ler, basta clicar aqui.

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